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Sobre divãs, sobre novas experiências e sobre estes novos tempos: vem junto que eu garanto

Tempo de leitura: 14 minutos

Sonhando acordada / Créditos: Joyce Pascowitch

IDAS E VINDAS

Voltar pra casa é sempre o sonho de quem viaja bastante. Viajar é sempre uma meta e até uma necessidade para os cidadãos do mundo. As experiências, o olhar, as vivências, as trocas, as percepções, quanta coisa nova pra aprender e incorporar… principalmente numa ida para o Japão, como essa da qual acabo de voltar cheia de energia, de inspiração e com o devido distanciamento para avaliar melhor coisas, fatos, acontecimentos e pessoas em volta de mim. Desejo sinceramente a cada um de vocês essa possibilidade: recomendo demais. Vale a distância, vale o investimento e vale até enfrentar o terrível jet lag numa diferença de 12 horas. E agora, mãos à obra, porque ainda falta muito tempo para chegar o Natal…

Psicanálise 2.0 / Créditos: Reprodução Instagram / Divulgação

ID, EGO E MODA

O fruto realmente não cai muito longe da árvore - e Bella Freud, estilista renomada e bisneta de Sigmund Freud, mostra bem isso: ela resolveu explorar esse parentesco, mas sem deixar a moda de lado. Em seu videocast "Fashion Neurosis", que mistura moda, identidade e emoções, Bella convida artistas, estilistas e outras figuras carimbadas para literalmente deitar no divã e conversar sobre como nossas roupas revelam quem somos. Lançado em setembro de 2024, o programa já se tornou um fenômeno: com menos de uma semana no ar, atingiu o topo da lista de podcasts de moda e beleza da Apple no Reino Unido e já figura entre os mais ouvidos nas categorias de arte e cultura no Spotify. O sucesso pode ser explicado pela abordagem única de Bella, que conduz as entrevistas como uma verdadeira sessão de terapia, analisando não só as escolhas de vestuário, mas também as inseguranças, memórias e até dilemas políticos dos convidados. "Tem muito mais em um vestido do que apenas um vestido", ela costuma dizer. E não faltam nomes de peso para compartilhar suas histórias: de Kate Moss a Cate Blanchett, passando por Julianne Moore e Courteney Cox, ela recebe um elenco estrelado para discutir desde gafes fashion até a forma como a moda se entrelaça com identidade, cultura e saúde mental. Enquanto outros podcasts analisam tendências ou fazem um apanhado do mundo fashion bem previsível, "Fashion Neurosis" se propõe a ir além, mostrando que a moda não é apenas uma questão estética, mas sim um reflexo profundo de nossas emoções e experiências. Eu amei e já incluí na minha lista de favoritos…

Ilustração: Maria Eugenia

MATA CERRADA 

E por falar em moda, não exatamente, mas em modismo ou onda, surgiu na China uma tendência no mínimo, inusitada: meias femininas cobertas de pelos falsos, simulando pernas masculinas. A ideia era afastar olhares e abordagens indesejadas, já que pernas peludas ainda são um grande tabu nos padrões de beleza feminina. A tendência viralizou e se mantém até hoje nas redes sociais chinesas, gerando o seguinte debate: uns acharam a ideia engraçada e criativa, outros destacaram o lado triste da história - afinal, por que as mulheres precisariam recorrer a estratégias desse tipo para evitar assédio, em vez de simplesmente poderem andar por aí em paz? Se as meias realmente foram usadas em larga escala, ninguém sabe ao certo. Mas o fato de terem chamado tanta atenção mostra como a segurança e o espaço pessoal das mulheres ainda são questões necessárias.

Em ponto de bala / Créditos: Reprodução Instagram

GERAÇÃO PRATA

Estilo realmente não tem idade e cada vez mais, campanhas publicitárias estão trazendo rostos que realmente viveram. Em vez dos típicos anúncios que mostram uma versão fantasiosa da vida depois dos 60 (com casais impecáveis caminhando na praia ao pôr do sol), algumas marcas de luxo estão apostando em pessoas reais, com rugas, cabelos brancos e muita história para contar. A Ferragamo, por exemplo, escalou o designer gráfico Peter Saville, de quase 70 anos, para uma de suas campanhas. Já a Zegna trouxe o colecionador de relógios Auro Montanari, de 67 anos, para representar sua nova linha de tecidos de luxo. Nenhum dos dois é modelo profissional, nem celebridade global, mas são referências em seus universos - e agora estão estampados em vitrines ao redor do mundo, provando que a elegância não tem prazo de validade. Isso não é exatamente novo (afinal, Maggie Smith brilhou nos últimos tempos em uma campanha da Loewe), mas o diferencial aqui é que não estamos falando de atores famosos e sim de pessoas que simplesmente têm estilo e autenticidade. E parece que essa tendência está mesmo pegando, porque jovens de 20 e 30 anos agora querem se vestir como seus pais. No fim das contas, essa mudança na moda não é só sobre roupas e sim, sobre enxergar o envelhecimento com outros olhos. Se antes ele era tratado como um tabu, agora está sendo celebrado com elegância e personalidade. Quem diria que chegar aos 60+ poderia virar tendência?

Ilustração: Maria Eugenia

ALÉM DO HORIZONTE

Achei esse movimento bastante engraçado: pais que trabalham com tecnologia estão agora preferindo que seus filhos escolham carreiras artísticas ou na área de humanas -isso porque eles acreditam que essas seriam escolhas mais sensatas para o futuro. O ideal é encontrar um ramo para não concorra com a inteligência artificial. De acordo com o Centro Nacional de Educação Estatística dos Estados Unidos, o número de profissionais que se formaram em ciências da computação triplicou entre 2009 e 2022. O mercado bombou e a turma que criou o que tinha de mais moderno em tecnologia e dados, nos anos 1980 e 1990, agora está reconsiderando o que quer que seus filhos sigam como carreira. Assim como esses profissionais viram as empresas de tecnologia bater a casa dos trilhões, décadas antes, eles começam a ver o outro lado: os inúmeros layoffs do setor. Muito interessante essa nova onda e pode trazer benefícios a médio prazo - além de abrir a cabeça, o pensamento e a alma desses futuros profissionais…

Poderosas e milagrosas / Crédito: Divulgação

PARA TODAS AS HORAS

Imagina ter uma bala perfeita para cada ocasião: se precisar de foco é só consumir essa cor de laranja, para relaxar a marrom e para dormir a vermelha. Pois bem: a empresa estadunidense Noon parece ter encontrado essa fórmula para potencializar os sentidos, de acordo com a necessidade do freguês. O trio é perfeito para qualquer ocasião: um ajuda a potencializar o sono, o segundo traz concentração para finalizar trabalhos importantes e o terceiro, quando mastigado relaxa e dá a oportunidade de curtir o momento. As guloseimas são feitas a partir de cogumelos funcionais e foram desenvolvidas por neurocientistas e naturopatas. Encaixam-se no conceito de “smart drugs”. Eu explico: tratam-se de medicamentos que vão potencializar algo, mas de forma natural. Nas balinhas em questão, uma substância encontrada no cogumelo, o adaptógeno, ajuda a promover o equilíbrio do corpo e da mente. Já quero provar, claro…

Créditos: Divulgação / Reprodução Instagram / Adobe Stock

Desejos de consumo

Agora é hora de voltar a um dos circuitos que eu mais amo na cidade: o das artes. Mudança de estação, mudança de ares, mudança de cenário: foi tudo isso que norteou minhas escolhas desta semana no Iguatemi. Bom estar aqui, pois o ano realmente começou!


1 - Com esse vestido da Max Mara, impossível não ficar chic!

2 - Esses slingback de Valentino têm a cara da estação

3 - Para fazer uma linha mais classy, a gabardine da Burberry: não tem erro!

4 - Ah, uma bolsa é sempre uma bolsa: esta da Balenciaga cumpre o que promete

5 - Pra completar o look, esse anel da Sauer: personalidade é o que não falta

Crédito: Divulgação

3 perguntas para

Sammy Ricardo é DJ, produtor e idealizador do Baile Sampa Charme, que acontece todas as segundas-feiras no Vale do Anhangabaú e reúne de 200 a 600 pessoas, das 20h às 22h. É grátis e ele garante que é um baile inclusivo, para todas as idades, amadores ou apaixonados pelo ritmo. A dança originalmente carioca também faz muito sucesso por lá: já chegou a reunir mais de 5 mil pessoas no baile charme do Viaduto Madureira e até virou notícia do The New York Times.

1- De onde vem o Charme?

O Charme é uma dança da cultura preta e teve origem no Rio de Janeiro. Foi tombado como patrimônio cultural e imaterial e completou 45 anos. Para manter a identidade original no nosso baile paulistano, nós estamos sempre em intercâmbio com os organizadores cariocas.

2. Como surgiu a ideia do Baile Sampa Charme?

Tudo começou com um projeto de samba-rock com discotecagem e dança, o Groove 011, que acontecia nas imediações do metrô Tamanduateí por um preço simbólico. Nos intervalos, a gente tocava um pouquinho de flashback e alguns amigos começaram a puxar uns passinhos. Daí, eu pensei em criar um coletivo de charme. E já completamos dois anos de Sampa Charme às segundas e Groove 011, às sextas, no Anhangabaú, patrocinados pela concessionária Novo Anhangabaú, que assumiu o local após a privatização.

3. Qual é a importância desse projeto para a comunidade?

Isso mexe com a memória afetiva das pessoas. Não é só a emoção de ver uma senhorinha de 70 anos, com os cabelos brancos fechando os olhos enquanto dança, mas também, de saber que uma adolescente entra no baile e se reconhece, pode se autoafirmar com seus cabelos como eles são. Então isso, pra mim, vai além de um baile, é também um ato político.

Créditos: Joyce Pascowitch / Reprodução Instagram / Divulgação

Essa Semana Eu…

Comi em Tóquio duas versões de grapefruit, uma das minhas frutas preferidas: uma gelatina dentro da própria casca da fruta e a outra, um doce tipo baba ao rum com gelatina de laranja e cítricos e sorvete de limão no Shiseido Parlor: que delícia

Li que a loja Merci de Paris, que dá um banho de branding em várias marcas, vai abrir uma filial pela primeira vez, no Palais Royal

Me encantei com três cachorrinhos passeando com sua dona num carrinho de bebê, ou melhor, carrinho de cachorrinhos, no Galleria, Tokyo

Celebrei mais uma vez a criatividade do estilista Alessandro Michele que fez seu desfile para Valentino em um cenário de banheiro no gender

Descobri que Nicole Kidman estaria interessada em fazer uma participação em um dos próximos “The White Lotus”

Amei demais o novo modelo de sapatos Daddy Loafer, da Bottega Veneta

Fiquei apaixonada por uma loja de caramelos que tem diversas filiais em Tokyo: comprei vários, pra não dizer muitos

Recebi com alegria a notícia da chegada da nova criação de Carlinhos Carvalho, do Kosushi: o Oku Bar

Fiquei encantada com uns pedaços mais antigos de Tokyo em contraponto com aqueles enormes arranha-céus

Tive o maior prazer de conviver esses dias com uma funcionária mais que querida no concierge especial do hotel que eu estava em Tokyo, o Ritz Carlton

Consegui ver várias cerejeiras em flor no meu caminho: isso é quase uma benção no Japão

Carreguei pra cima e pra baixo uma garrafinha com chá de gergelim: amo que aonde quer que eu fosse, todo mundo tomava muito chá

Fui conhecer a primeira das lojas Mitsukoshi, a mais antiga e tradicional da cidade, no bairro de Nihonbashi: fiquei encantada demais com a classe, o requinte, o cenário, os vendedores e os seguranças

Não consegui ler uma linha dos livros que trouxe na viagem: um de Miranda July e outro de Muriel Barbery

Me esbaldei comendo morangos que valem quase ouro: merecidamente

Finalmente voltei para casa, feliz da vida

Depois de mais de duas semanas no Japão, só tem uma coisa melhor que isso: voltar pra casa. E no embalo de João Gilberto e dessa turma toda, isso fica melhor ainda. Vem junto!

Ilustração: Maria Eugenia

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E QUALIDADE

Líder global no processamento de couro bovino, a JBS Couros firmou um acordo com a Mindhive Global, referência em tecnologia de classificação de couro baseada em inteligência artificial (IA), para implementar um sistema automatizado de classificação de qualidade de couro. A tecnologia, capaz de processar até 360 peles por hora com uma precisão superior a 91%, inspeciona e classifica o material em apenas 4 segundos e ainda é capaz de mapear defeitos em mais de 25 categorias. Essa inovação vem para garantir a excelência e padronização na produção de couro, atendendo aos mais altos critérios de qualidade. De acordo com o presidente da divisão de couro da JBS, Guilherme Motta, a iniciativa coloca a companhia na vanguarda da modernização do processamento de couro. A implementação da IA permitirá à JBS Couros aumentar a eficiência operacional no processamento do couro que vai para as indústrias automotivas, moveleira, calçadista e de artigos de couro. A parceria com a Mindhive Global também fortalece a posição da JBS como líder no mercado global. A solução promete eliminar o retrabalho, uma vez que reduz desperdícios, e proporciona comparações entre unidades para otimizar a produtividade. O futuro chegou.

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