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A vida do outro lado do mundo, a soneca fora de hora e o que a gente aprende com as dificuldades: tá junto?

Tempo de leitura: 14 minutos

Tokyo feelings / Créditos: Joyce Pascowitch

DE PONTA-CABEÇA

Segundo um amigo meu, viajar para o Japão não é para os fracos. A distância é enorme e o jet lag custa muito a passar. A sensação nos primeiros dias não é nada agradável, mas é aqui em Tóquio, onde eu estou agora no meu primeiro Carnaval longe de Salvador, depois de mais de 20 anos de folia, que cidadãos fazem trabalho voluntário mesmo de noite, depois de um dia de trabalho, para catar o lixo, raríssimo de se encontrar nas ruas. Aqui também é onde funcionários e prestadores de serviço têm uma gentileza única e onde a gente tem certeza que o futuro já chegou. Foi o lugar em que eu vi as mulheres mais bem vestidas, com criatividade e nenhuma grife famosa. É aqui também que os banheiros públicos ganharam destaque no mundo todo, graças ao dono da Uniqlo e ao cineasta Wim Wenders. É aqui que o próximo século dá as caras. É daqui que eu falo com você - e prometo muitas experiências fascinantes. Vamos!

Um olhar apurado / Créditos: Reprodução Instagram; Divulgação

EM PLENA FORMA

Tudo indica que a questão do etarismo não atingiu um dos empresários mais emblemáticos do ramo hoteleiro do mundo: aos 92 anos, Adrian Zecha, criador e idealizador da rede Aman, considerada a mais luxuosa de todas, não tem a menor intenção de parar. Em uma entrevista ao jornal japonês Nikei Asia, ele disse acreditar que antes de completar 100 anos, pode construir ainda mais alguns hotéis. Nascido em 1933, em Java, na Indonésia, Zecha entrou tardiamente na hotelaria, depois de realizar o sonho de ser jornalista: fez mestrado na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e trabalhou como repórter da revista Time no escritório em Tóquio, onde virou fã das pousadas tradicionais, os ryokans. Foi a convite de um amigo que ele começou a auxiliar a expansão da rede Marriot International pela Ásia. Na década de 1980, depois de muito viajar a trabalho e conhecer diferentes formas de se hospedar, ele criou a marca Aman, em praias paradisíacas asiáticas, com rede de serviços feita por locais, o que era inovador para a época em que o oriente tentava uma “ocidentalização”. Ele não se aquietou nem mesmo depois de ter vendido a rede de luxo para o ex-namorado de Naomi Campbell, o bilionário russo Vladislav Doronin. E, em 2021, abriu o hotel Azumi Setoda, em Hiroshima. Parece que a história está voltando ao começo, de quando ele ainda era apenas um jovem jornalista apaixonado por ryokans… e pelo que tudo indica, vem coisa boa por aí!

Ilustração: Maria Eugenia

BOA NOITE! 

Imagine ganhar mil dólares por um cochilo? Pois na Espanha isso é possível: todo ano, rola por lá um campeonato onde os participantes mostram suas habilidades para dormir no meio de um shopping lotado. Os candidatos se aconchegam com travesseiros e bichinhos de pelúcia, vestindo pijamas divertidos, enquanto tentam pegar no sono em meio ao barulho de bebês chorando e música alta. E não é só fechar os olhos e pronto pois um médico monitora tudo, dando pontos para duração do sono, ronco e até as posições mais engraçadas. O primeiro campeão, em 2010, foi um pedreiro de 47 anos que dormiu por 18 minutos e celebrou como se tivesse ganhado a Copa do Mundo. Merecidamente, certo?

Montanha abaixo / Créditos: Reprodução Instagram

DOWNHILL

Se antes o mundo fashion tinha se apropriado de um esporte – lembra do tenniscore? – , agora chegou a vez dos esportes de inverno, tipo o ski. De Jacquemus até a Zara, e tantas outras marcas, que nunca se vincularam a essas modalidades esportivas e a esse público de alto poder aquisitivo, agora estão querendo participar desse mercado. A linha chamou a atenção, graças a lojas pop-up espalhadas por Xangai, na China. Se por um lado eles não têm tecnologia para competir com as marcas esportivas de roupa de ski, por outro, eles têm a capacidade da venda em grande escala dessa trend, traduzindo essa tendência para o fast fashion do dia a dia. Daí, é só correr para o abraço. Isto é, para os lucros.

Ilustração: Maria Eugenia

EU TENHO A FORÇA!

Não é exatamente uma questão de ser um He-Man… Mas já parou pra pensar por que algumas pessoas sentem saudade até de momentos difíceis? Como, por exemplo, dos primeiros meses da pandemia, quando o tempo parecia ter parado? Pois bem, isso pode parecer estranho, mas faz todo sentido do ponto de vista do cérebro. A gente tem uma tendência natural a olhar para o passado com um filtro mais “suave” e existe até um nome pra isso: fading affect bias. Basicamente, as memórias ruins perdem a intensidade mais rápido do que as boas. Então, com o tempo, a gente acaba lembrando mais das coisas positivas e deixando os desafios mais espinhosos em segundo plano. Além disso, a nostalgia tem um papel importante na nossa construção de identidade: segundo os psicólogos, relembrar períodos difíceis nos ajuda a dar significado à nossa trajetória. Algo como: “foi tenso, mas eu superei, então sou mais forte do que imaginava”. É por isso que soldados lembram da camaradagem da guerra, ex-colegas riem de um chefe insuportável e até quem passou perrengue na pandemia sente falta do tempo livre (mesmo que tenha sido forçado). E tem mais: relembrar desafios do passado também pode nos ajudar a encarar os problemas do presente com mais confiança.

Ficção ou realidade? / Créditos: Divulgação

EM CENA

Com a estreia da nova temporada de “The White Lotus”, desta vez na Tailândia em um hotel de luxo, nada mais esperado do que a própria rede lucrar em cima de tamanho sucesso. É isso justamente que está acontecendo com o Four Seasons, cujos três hotéis foram cenários de episódios no Havaí, na Sicília, Itália, e agora na Tailândia. E numa parceria inédita com a HBO, a rede hoteleira, uma das mais luxuosas do mundo, vai levar 48 sortudos passageiros a explorar os cenários icônicos da série, aliás uma das minhas preferidas de todos os tempos. Durante 20 dias, em maio de 2026, a viagem acontece a bordo de um jato particular e o itinerário incluirá paradas nas locações das três primeiras temporadas da série, e mais outros cinco destinos: a viagem parte de Singapura e segue para Koh Samui, Maldivas, Taormina, Marrakech, Nevis, Cidade do México, finalizando em Maui. Durante todo o trajeto, as hospedagens acontecem exclusivamente nos hotéis e resorts da rede, que fique claro. O roteiro da viagem serve como retiro de wellness e surgiu para destacar o seriado, que virou um fenômeno cultural, além de alguns outros destinos de sonho. A ideia é personalizar a jornada, com uma pitada de bem-estar, bastante presente na terceira temporada. Alguém aí interessado?

Créditos: Divulgação / Reprodução Instagram

Desejos de consumo

Pois é: finalmente o ano parece que já já vai começar. Terminaram as férias de verão, o Carnaval está rolando e a partir dos próximos dias é tempo de voltar à vida real - esse aliás foi o tema das minhas escolhas da semana no Iguatemi. Vamos nos preparar?

Foto ao fundo de Saul Leiter, 1959


1 - Com essa bolsa da nova coleção Valentino criada por Alessandro Michele, dá até gosto de voltar… 

2 - Para voltar a frequentar o circuito da cidade, esse vestido da Gallerist faz bonito

3 - Que tal voltar à rotina com a hora do chá? Se o bule for da Hermès, melhor ainda…

4 - Nem pensar em parar de sonhar: para isso, que bom contar com ajuda da Trousseau

5 - Pronta para próxima viagem! Essa sacola de mão da Saint Laurent cumpre seu papel lindamente

Crédito: Isabela Almeida

3 perguntas para Fernanda Torello

Fernanda Torello é bióloga e especialista em educação de cães. Há mais de 20 anos, estuda o comportamento canino, desde que decidiu ter seu primeiro cachorro da raça Border Collie. Depois de tanto se aprofundar no assunto, ela acabou deixando o trabalho como docente no ensino superior e passou a se dedicar exclusivamente ao adestramento. Tem uma vasta coleção de clientes conhecidos e todos muito exigentes. Virou um sucesso.

1- Por que o adestramento é necessário?

Conhecer o cão e entender suas necessidades é fundamental para qualquer família. Saber como se comunicar e proporcionar uma vida feliz e tranquila para eles faz parte de uma convivência harmoniosa e prazerosa para todos. Adestrar não significa apenas ensinar “comandos”, mas envolve conhecer e saber viver em harmonia com os cães.

2. Para adestrar, os donos também precisam estar comprometidos e continuar os comandos em casa?

Sim, com certeza! Quem convive com o cão precisa saber como interagir, estruturar uma rotina, se comunicar e atender a todas as necessidades básicas dele. Os “comandos” como senta, deita e fica, por exemplo, podem ser ensinados pelo adestrador mas, mais do que isso, a família precisa criar um vínculo, saber dar suporte ao cão, se comunicar com ele e, acima de tudo, saber construir uma parceria.

3. Qual é o diferencial do seu trabalho?

Eu busco sempre auxiliar a família toda a estabelecer um vínculo sólido com o cão, respeitando suas particularidades e sempre de uma maneira agradável para todos. Respeitar as emoções, limites e o tempo de cada cão é fundamental e levo isso em consideração no meu trabalho e para os clientes que atendo.

Créditos: Joyce Pascowitch / Reprodução Instagram / Divulgação

Essa Semana Eu…

Assisti a um espetáculo inesquecível no Sesc Pompéia, “O Padre Pinto”, cuja temporada já terminou, mas estou torcendo para que eles voltem a São Paulo para levar todos os meus amigos 

Enfrentei uma longa viagem para o Japão pela primeira vez voando pela Emirates, uma experiência excelente 

Por causa de uma escala, conheci o aeroporto de Dubai, um mundo a parte: na farmácia de lá vende até Mounjaro

Comi as melhores tâmaras da minha vida no lounge da companhia aérea, com casca de laranja como recheio

Fiquei bem confusa por causa das diferenças de horário entre São Paulo, de onde saí, escala e a chegada no destino: muito troca-troca

Li que o Grupo Opportunity comprou um dos terrenos mais cobiçados de Ipanema: o que pertencia à loja H.Stern

Amei uns bancos e cadeiras vintage que eu recebi por e-mail de Paloma Danemberg: gosto demais dos produtos que ela e seu pai, Arnaldo Danemberg, vendem

Conversei com vários maratonistas que vieram no mesmo voo que eu para correr a maratona de Tóquio: gosto desses assuntos preparação, alimentação, são temas que me fascinam 

Acompanhei de longe a abertura de um novo museu em Sintra, Portugal, com curadoria do expert Jacopo Crivelli

Conheci a loja mais bonita do mundo: a filial japonesa da Lemaire, marca cult francesa 

Andei algumas vezes nos táxis de Tóquio, são tão bons quanto os ingleses

Comi um dos melhores sushis da minha vida no restaurante do Ritz Carlton, o Hinokizaka: uma maravilha, sem nenhuma invencionice, da melhor qualidade

Dei bom dia e boa tarde várias vezes para o monte Fuji, graças ao bom tempo e à posição estratégica do hotel onde eu estava hospedada

Fui pela primeira vez no Nezu Museum, uma joia rara em Tóquio, bem tradicional de coisas japonesas e com um dos jardins mais deslumbrantes que já vi

Me emocionei com a mostra de Ryuichi Sakamoto no Museu Nacional de Tóquio, uma exposição extremamente bem pensada e bem montada

Depois de 20 anos, tomei um chá na confeitaria Yoku Moku que eu conhecia desde a primeira vez que eu vim para Tóquio em 1985: continua com a mesma classe e a mesma graça, fica no bairro de Aoyama cercado de lojas maravilhosas por todos os lados

Mesmo com medo de me perder, enfrentei uma sessão de vários trens para chegar em um dos destinos que eu mais estava ansiosa por conhecer: Naoshima

Vi a primeira cerejeira de estação: a sakura estava ao lado da livraria Tsutaya, outro ponto alto da capital japonesa

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