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Liga o som: os novos códigos, uma gestão diferenciada e muita novidade pelo mundo - vamos?

Tempo de leitura: 17 minutos

Muita coisa boa ao mesmo tempo / Créditos: Joyce Pascowitch

SOM NA CAIXA

Impressionante como a música é parte fundamental nesses dias de sol, nesse verão retumbante em Salvador. Parte da graça de minha temporada aqui tem a ver com espetáculos, ensaios, apresentações, shows, festivais e descobertas feitas todos esses dias. Já começo a me despedir daqui, na última semana dessa temporada. Algumas apresentações alegraram minha alma e me fizeram recuperar a energia gasta durante todo o ano empreendendo, performando, enfrentando os desafios do dia a dia. O Festival de Verão é um dos pontos altos: fiquei impactada com o BaianaSystem no palco, com Léo Santana, aquele gigante que amo tanto ver requebrar, e com Alcione acompanhada magistralmente por Alexandre Pires e o Só Pra Contrariar: que show foi esse? Ah, vi pela primeira vez ao vivo o rap de Xamã -amei. Assisti em outros momentos Seu Jorge levantar a imensa plateia na Concha Acústica do teatro Castro Alves, descobri ao vivo os encantos de Maeana e a necessidade dela existir nos dias de hoje, me emocionei com a performance de Luís Miranda, fui embalada pela onda romântica num show só de músicas brega com os fenomenais Pedro Rosa Moraes e Sandro Rangel, num bar do Rio Vermelho. Teve também um momento Mart’nalia e, é claro, Carlinhos Brown no Candeal. E também Moreno Veloso num pequeno palco -quantas oportunidades únicas… Coração aberto, alma desperta: é disso que eu preciso para começar de verdade meu ano.

Ilustração: Maria Eugenia

SOCIEDADE ALTERNATIVA

Esqueça os aplicativos de namoro e as baladas lotadas: a nova tendência da Geração Z, pelo menos em Londres, é se reunir em supper clubs, eventos que combinam comida boa e informal, diversão e novas amizades. Inspirados por jantares comunitários de décadas passadas, esses encontros estão ganhando um toque moderno e sofisticado, com experiências criativas e menus exclusivos. A ideia é simples: você compra um ingresso, senta ao lado de desconhecidos e deixa as conversas fluírem. O diferencial? É tudo muito bem pensado, bem produzido, desde atividades para quebrar o gelo até shows, desfiles de moda e muitas possibilidade de networking. Para os solteiros, eventos como o Dinner for One Hundred promovem encontros em clima descontraído, regados a pizzas nada tradicionais e um clima leve. Já o The Candid Club mistura moda e gastronomia, transformando o jantar em um espetáculo. E, para as mulheres, o 2sday Supper Club cria um espaço para colaboração e conexões criativas. Apesar de parecer que a famosa Gen Z não sai do celular, esses clubes mostram que ela está encontrando maneiras mais humanas e divertidas de socializar, apostando na qualidade das interações e na construção de conexões reais. Afinal, nada mais chique do que boa comida, boas conversas, e, finalmente, conexões reais.

O império do Oriente / Créditos: Reprodução Instagram

TUDO DOMINADO

Imagine transformar uma lojinha de ternos da família em um império que rende 18 bilhões de dólares por ano: foi exatamente isso que, hoje, o homem mais rico do Japão, fez ao criar a marca Uniqlo, e construir sua fortuna de 48 bilhões de dólares. Tudo começou nos anos 1980, quando percebeu que o futuro da moda não estava nos ternos e roupas formais, mas em modelos casuais de qualidade. Inspirado pela Gap, ele reinventou a loja do pai e criou a Unique Clothing Warehouse, que depois virou a Uniqlo. Mas expandir globalmente não foi exatamente uma tarefa fácil. A marca abriu 50 lojas, em Londres, no começo dos anos 2000, mas teve que fechar a maioria delas em poucos anos. O mesmo aconteceu em Xangai. Mas Tadashi Yanai usou os erros como aprendizado e mudou a estratégia, apostando no conceito “global é local, local é global”. Além disso, observando que os clientes reclamavam que os suéteres eram desconfortáveis, passou dois anos desenvolvendo uma nova tecnologia para lançar a coleção Soufflé Yarn, mais macia e confortável. Ou seja, a base do sucesso foi a qualidade e a experiência do cliente. Isso fez a Uniqlo deixar de apenas vender roupas e se tornar uma empresa focada em inovação, com peças tecnológicas e duráveis. Atualmente a Uniqlo possui 2.495 lojas pelo mundo. E mesmo no topo, Yanai ainda lê o feedback dos clientes e aprova todas as coleções. Ou seja, sucesso com os pés bem no chão. E o olho na clientela.

Ilustração: Maria Eugenia

RESISTÊNCIA

A tal da resiliência virou um grande negócio nos últimos tempos: tema de livro, de reportagens, em programas de TV, assunto em diversos TED talks. Como na realidade todo sucesso é construído a partir de inúmeras pequenas falhas, o discurso de que é preciso dar passos atrás e ser resiliente virou um mercado bem lucrativo. Eis que todos esses “gurus” afirmam ter de três a cinco dicas infalíveis para quem quiser se tornar mais resiliente. Mas só que a coisa não é bem assim: de acordo com a pesquisadora Kimberley Johnson, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, o que ninguém conta nesses livros e palestras é que por trás de pessoas que se recuperam e se reestabelecem de situações realmente assustadoras – como assaltos, sequestros, lutos -, existe uma rede de apoio substancial. Os seres humanos de fato são capazes de superar traumas profundos: escapamos de assaltos (o que acontece muito no Brasil) e de assassinatos em massa (realidade norte-americana). Mas, no fundo, a nossa capacidade de ser resiliente está diretamente ligada à quantidade de amor e apoio que recebemos e do quanto de dinheiro dispomos para encarar os problemas com terapias, tratamentos especiais, medicamentos e outros apoios profissionais, como yoga, massagens, acupuntura, entre outros. Não é tão fácil como pode parecer…

Novos protocolos / Créditos: Adobe Stock

TEMPESTADE À VISTA

Não é segredo pra ninguém que o mercado de bem-estar e wellness vai muito bem, obrigada. E que cresce cada vez mais com foco em longevidade e saúde integral. Todo mundo busca cosméticos anti-idade milagrosos e marcas, como a Estée Lauder, seguem firmes no financiamento de pesquisas em sirtuínas - também chamadas de proteínas da longevidade definitiva. Outro tema em alta é o crescente interesse por medicamentos associados ao emagrecimento, como Ozempic, Mounjaro e outros, que estão mudando hábitos alimentares e promovendo uma demanda por produtos nutricionais mais específicos. Além do mercado aumentar o tipo de medicamentos desse gênero, eles têm influenciado a forma como os norte-americanos comem - porções menores, mais nutritivas - e no desenvolvimento de uma gama de produtos altos em nível proteico. Há uma onda para tornar os Estados Unidos saudável novamente, mas isso vem de carona nessa direita radical de Donald Trump. E nesse cenário, a Business of Fashion prevê que pode haver uma flexibilização nas regras do FDA - a Anvisa dos Estados Unidos - , o que comprometeria a confiabilidade dos cosméticos e medicamentos. Com o novo governo, há também uma tendência a fortalecer setores de práticas de bem-estar alternativas, como cromoterapia, acupuntura, yoga - que, em geral, são antivacinas e associados também à extrema direita. Conclusão: vai ter briga e muita confusão pela frente por lá.

Ilustração: Maria Eugenia

ENCONTROS E DESENCONTROS

E para quem está disposto a investir pesado em busca de um relacionamento sério, de verdade, agora existe a possibilidade de se contratar um matchmaker - sim, um verdadeiro cupido profissional. Funciona assim: se define critérios e, em seguida, a empresa desenvolve todo o trabalho – desde a escolha do restaurante para o encontro até dicas de estilo e coaching amoroso. Ah, e depois do date, ainda rola aquele feedback para o candidato poder aprimorar suas habilidades. O atendimento é super personalizado e cada serviço tem seu jeito de operar. Alguns ajudam a planejar encontros e até fazem sessões de styling e de fotos, outros conectam a uma rede global de pretendentes, e tem os que organizam blind dates com todo cuidado necessário. Mas atenção: evitar as ciladas desses encontros modernos custa caro. As taxas podem variar de US$ 25 mil a absurdos US$ 350 mil. E acredite: alguns serviços têm até lista de espera. Sim, vale tudo para encontrar um crush de verdade. Quem aí se habilita?

Crédito: Teodora Velloso

3 perguntas para Sidarta Ribeiro

Sidarta Ribeiro é neurocientista e escritor. Além de professor, é também pesquisador e co-fundador do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e tem uma longa trajetória em pesquisas sobre a importância dos sonhos para entendimento e transformação da realidade. Entre tantas publicações sobre o tema, ele escreveu livros de grande repercussão, como O Oráculo da Noite - A História e a Ciência do Sono, e Sonho Manifesto, ambos publicados pela Companhia das Letras.

1- Desde quando o homem deixou de dar importância aos sonhos?

Há cerca de 500 anos, na cultura europeia que se espalhou pelo mundo na forma de colonização violenta, houve um rompimento com a milenar tradição onírica e o sonho passou a ser considerado pura ilusão. No mundo urbano capitalista, sonhar e até mesmo dormir são considerados perda de tempo, pois nesta sociedade se considera que “tempo é dinheiro”. Na verdade, é urgente resgatar a arte de sonhar, pois o tempo dormindo e sonhando é pura saúde.

2- Por que o sonhar está tão relacionado com as culturas ancestrais?

Os sonhos foram essenciais em todas as culturas documentadas na História, e assim seguem entre povos originários. A depender da crença, eles permitem um contato íntimo com o mundo interior (do ponto de vista psicológico), ou com outros planos de existência (do ponto de vista espiritual), o que foi fundamental para a sobrevivência da espécie, como fonte inesgotável de novas ideias, conforto emocional e conexão comunitária.

3 - Por que é importante resgatar esses costumes se quisermos construir um futuro possível – ou menos catastrófico?

São os sonhos, tanto durante o sono quanto o devaneio, que nos permitem imaginar e trazer para a consciência as consequências dos nossos atos. Se quisermos sobreviver à imensa crise socioambiental que nós mesmos criamos, se quisermos sobreviver a nós mesmos, precisamos voltar a habitar o sonho como nossos ancestrais sempre habitaram – e como os povos originários ainda habitam.

Créditos: Joyce Pascowitch / Reprodução Instagram / Divulgação

Essa Semana Eu…

Terminei de ler finalmente um dos livros mais fascinantes dos últimos tempos: Oração para Desaparecer: obrigada Socorro Acioli por me levar a lugares tão profundos

Acompanhei a recompra feita por Stella McCartney das suas ações que eram da LVMH, que saiu da sociedade

Gostei de ver e ler sobre a nova onda dos blushes líquidos: estou usando um da Chanel que estou amando

Mais uma vez pintei as unhas das mãos e dos pés com esmalte clarinho, meio bege meio rosado: engraçado que não estou conseguindo usar qualquer tom mais escuro, de vermelho ou cor de maravilha, neste verão

Dancei muito e curti demais o Festival de Verão em Salvador: line-up excelente e um astral lá em cima

Aproveitei para ficar bastante com minhas sobrinhas e minhas irmãs, todas estavam por aqui: que delícia a gente juntas

Me preparei para os festejos de Iemanjá com minha amiga baiana Tereco Lino, eles são muito importantes aqui em Salvador

Celebrei, mesmo de longe, a parceria do arquiteto português Álvaro Siza com a Vista Alegre: admiro demais a obra do primeiro e as porcelanas da segunda

Encontrei várias vezes, abracei e beijei muito Felipe Veloso, que está por aqui: somos próximos desde sempre e estava com muitas saudades

Cozinhei em casa um penne com bottarga - ovas de tainha - que eu trouxe de Roma, da Roscioli: abri uma garrafa de Pinot Grigio, levinho e bem gelado, que comprei de Rodrigo Musse e confesso que foi uma noite especial - como é bom a gente fazer a própria comida, como isso é importante

Participei da estreia da galeria Galatea que, junto com a Fortes d’Aloia, abriu uma mostra na Rua Chile no centro de Salvador

Conheci finalmente a artista plástica Erika Verzutti, de quem sou superfã

Estou sonhando acordada com as estrelas da exposição de Bia Milhazes em março, no Guggenheim, em Nova York, e de Adriana Varejão com Paula Rego em abril, na Gulbenkian, Lisboa

Assisti pela primeira vez um show de Moreno Veloso, no pequeno palco da Casa da Mãe

Gravei uma entrevista com Regina Casé em sua casa no Carmo

Fui surpreendida mais uma vez por Rei Kawakubo com um sapato mega esquisito da Comme des Garçons

Recebi de Moniquinha Almeida o link do programa que ela fez com Pedro Bial sobre o grupo Os Tincoãs - está na Globoplay e vale super assistir

Soube da chegada aqui no Brasil do projeto Dial a Poem, com apoio da Vivo, uma das maiores incentivadoras da arte no país: o projeto foi originalmente criado em 1970 por John Giorno - poeta e artista performático norte-americano, ativista na luta contra a AIDS e em favor dos direitos da população LGBT; em 2023, já pela fundação do artista, a iniciativa foi atualizada e voltou ao MoMA, em NY, e agora, com a versão brasileira. Que tal ser surpreendido pelas obras de artistas e escritores das mais diferentes influências e regiões, como Maria Bethania e Arnaldo Antunes? Basta ligar 0800-01-76362.

Participei de um show de música brega, foi demais!

Me emocionei com os textos que li em homenagem a Marina Colasanti, que morreu: que mulher sábia, quanta sensibilidade

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