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O sol brilha na Bahia, mas a chuva cai em São Paulo -enquanto isso o Brasil comemora: como é importante ter nossa história reconhecida.

/Tempo de leitura: 14 minutos

As estrelas da estação / Créditos: Joyce Pascowitch

COISAS DE VERÃO

Entre os tantos momentos iluminados que eu tenho vivido nesta temporada em Salvador - aliás, só posso agradecer por ter essa possibilidade, já que o verão em São Paulo é duro, chuvoso, abafado -, dois me marcaram especialmente: as apresentações da cantora Mãeana e a performance do ator Luís Miranda, na Casa Arara de Verão, comandada por Malu Barreto no Pelourinho. Mãeana tem se apresentado no Rio e em São Paulo esporadicamente, mas é no bairro do Rio Vermelho, na Casa da Mãe, que ela se mostra por inteiro num espaço bem pequeno com cenário mega kitsch e um figurino extremamente curioso, sempre cantando João Gilberto e João Gomes. Vai do mega cool ao piseiro e sofrência. É bom prestar atenção nela: vem pra cena musical brasileira cheia de histórias, de personalidade e de talento. Brasileirice e inovação. Já sobre Luís Miranda, devo confessar que sou fã dele desde sempre. Assisti mais de cinco vezes um espetáculo que ele encenava nos verões soteropolitanos durante vários anos, “Sete Contos”. Na apresentação desta semana, aqui em Salvador, ele pegou alguns trechos e personagens seus, textos mais profundos, atuais e necessários com aquele talento que só ele tem. Na plateia estavam Lázaro Ramos, Ingrid Guimarães e tanta gente bacana mais. E o que dizer da Casa Arara de Verão? Malu Barreto e Pedro Igor Guimarães, que moram e produzem mais no Rio basicamente, sempre acertam e, desta vez, trouxeram para cá um espaço cheio de charme - é lá que também funciona o ateliê baiano de Vik Muniz, marido de Malu -, com programação super bem editada, drinks deliciosos e uma plateia muito divertida. Ah, Salvador, que verão é esse?

Ilustração: Maria Eugenia

FESTA NA FLORESTA

Se você acha que os anos 1990 dominaram com a famosa "depilação brasileira", pode começar a se preparar para a nova (ou velha) onda: o retorno dos pelos pubianos naturais. Sim, o "full bush" – que é simplesmente deixar os pelos como vieram ao mundo – está ganhando espaço em desfiles, filmes e até no TikTok. No ano passado, a Maison Margiela fez história ao colocar na passarela modelos usando pelos pubianos falsos feitos de cabelo humano, bordado à mão. A proposta era trazer uma sensualidade natural e um toque vintage, inspirado na Paris dos anos 1920, uma vibe capturada pelo fotógrafo Brassaï, que registrava cenas ousadas daquela época. E quem também usou dessa estética foi o filme "Pobres Criaturas", onde Emma Stone interpreta uma personagem que exibe a pube em figurinos provocativos e cheios de atitude. A exposição "Motherland", em Paris, também celebrou os pelos com criatividade e bom humor, mostrando estilos coloridos e até trançados. Já no TikTok, teve uma explosão de vídeos celebrando o “bush” na praia. Tudo isso abriu espaço para uma discussão maior sobre padrões de beleza e autenticidade. A verdade é que essa mudança não é só sobre estética, mas também sobre liberdade e aceitação. A depilação brasileira, que já foi um símbolo global, agora divide espaço com a valorização do corpo em sua forma mais natural. As pepecas agradecem.

Relaxar é preciso / Créditos: Adobe Stock

AVENTURA PERO NO MUCHO

Imagine curtir realmente a natureza, sem precisar escalar montanhas gigantes ou correr uma maratona? É disso que se trata o Soft Adventure –a nova onda que inclui atividades ao ar livre mais leves, que não exigem grande preparo físico nem experiência prévia. Coisas como uma trilha tranquila, acampamento com charme ou até caminhar na neve de forma descomplicada. Essa tendência está bombando: em 2022, só nos Estados Unidos, quase um milhão de pessoas começaram a fazer trilhas, enquanto o acampamento e o snowshoeing (andar na neve com suportes para o calçado que parecem raquetes) cresceram 12% e 21%, respectivamente. O motivo? Uma mistura de consciência sobre saúde e bem-estar e a vontade de explorar a natureza mas sem estresse. E aí, vamos nessa?

Ilustração: Maria Eugenia

QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA

Será que a princesa Kate está mesmo recuperada do câncer que teve? Como será Justin Bieber como papai? Se você é o tipo de pessoa que adora saber as novidades da vida alheia, temos boas notícias: o homem considerado o mais inteligente do mundo, Younghoon Kim (cujo QI é 276), afirma que gostar de fofoca pode ser um sinal de inteligência.

Só para contextualizar: o QI médio fica perto dos 100, já 140 é considerado gênio, então o coreano Kim está acima até dos padrões da genialidade. E quando ele não está usando sua inteligência em prol da neurociência, ele gosta de rolar a tela de seu celular para descobrir tudo sobre as celebridades - isso enquanto escuta K-pop. Para ele, especular sobre a vida de celebridades norte-americanas traz uma visão maior do mundo: é possível aprender sobre outras culturas e outras formas de viver a vida. Ainda, de acordo com o escritor Yuval Noah Harari, em seu bestseller “Uma Breve História da Humanidade”, o hábito de compartilhar histórias foi o que garantiu aos homo sapiens (nós!) vencerem a árdua luta pela sobrevivência. Ou seja, fofocar é… essencial.

Que delícia de novidade!

Fazer a cabeça tá na moda? / Créditos: Adobe Stock

ROTA ALTERNATIVA

Se pudesse escolher, acredito que a maioria dos mortais se contentaria com uma vida longa e saudável, junto de pessoas queridas. Mas os CEOs do Vale do Silício não querem apenas isso, não, e virou moda investir em startups e ideias que pesquisam o prolongamento da vida: temas como criogenia, transfusão de sangue de pessoas jovens, impressão de órgãos 3D têm recebido muito investimento de bilionários como Peter Thiel, Sam Altman e Jeff Bezos. Outro assunto que está em alta por lá são as experiências psicodélicas. Além das microdoses de drogas alucinógenas, como LSD e MDMA, alguns figurões como Elon Musk têm dado preferência ao chá de ayahuasca - aquela substância feita das plantas amazônicas cipó mariri e folhas de chacrona. A cerimônia místico-religiosa em que se consome o chá de ayahuasca, como se sabe, é oriunda de rituais indígenas da América do Sul e serve para a  expansão da consciência. Depois que o ritual se espalhou pelo Brasil e América Latina, chegou firme nos Estados Unidos. Será que os mega ricos agora resolveram brincar disso? A conferir.

Ilustração: Maria Eugenia

DESCONTROLE

Já ouviu falar em dermorexia? É quando o cuidado com a pele - o famoso skincare -, que deveria ser saudável e prazeroso, vira obsessão. E isso está mais comum do que a gente imagin: tem adolescente de 13 anos querendo colocar botox e gente se endividando para bancar tratamentos estéticos. A pandemia deu uma força para esse fenômeno, com todo mundo trancado em casa e vendo os rostos nas telas, somado ao bombardeio de produtos milagrosos e às promessas de pele perfeita, tudo isso acabou criando uma relação nada saudável com o que se vê no espelho. Outro ponto são as celebridades e influenciadores que exibem resultados que nem sempre são alcançáveis para a maioria das pessoas, sem os mesmos recursos. Especialistas alertam que o excesso de produtos e ingredientes agressivos pode causar acne, rosácea, eczema e outros problemas. Também vale lembrar: o profissional que entende de pele é o dermatologista, não a influenciadora da vez. Melhor sempre buscar orientação médica e descobrir o que cada pele realmente precisa. Afinal, pele saudável é pele feliz, não necessariamente "perfeita".

Crédito: Divulgação

3 perguntas para Lulu Novis

Lulu Novis é carioca e, além de stylist renomada, é tipo multiartista: consegue mesclar cores e padronagens como poucos em diversas plataformas, seja produzindo editoriais de moda, criando coleções para a Farm e C&A ou sua própria coleção (Lulu Lobster) e vestindo artistas, como Monica Martelli. Ela também explora a criatividade em objetos de decoração - como azulejos com o tema da lagosta, uma de suas obsessões. Enquanto o mundo vai em um caminho bege e sem graça, Lulu prefere o colorido e trazer alegria para o dia a dia.

1- Você sempre foi assim, colorida?

Sim, desde pequena. Sempre curti o universo maximalista, não só nas roupas, mas também nos ambientes e nos objetos que escolhia. Com o tempo, entendi que isso falava sobre minha essência. A vida colorida é, para mim, uma forma de celebração e, sobretudo, de resistência — uma maneira de tornar a realidade menos dura.

2. Quando o mundo está indo em um sentido monocromático, você gosta de explorar cores e padronagens. É como nadar contra a corrente?

Eu sinto que é mais sobre seguir meu próprio fluxo, respeitar meu estilo, do que nadar contra a corrente. Nunca fui de seguir modismos ou tendências, muito ao contrário. Acredito no estilo como uma forma de expressão autêntica, algo que traduz a essência de cada pessoa, seja através do que vestimos, de como decoramos nossa casa, e assim por diante. Respeitar isso é fundamental.

3. Sua família aparece no seu Instagram vestindo a mesma estampa ou as mesmas cores que você. Parece que estão todos “combinando”, tipo uma brincadeira. Qual a razão para combinar?

Tenho uma obsessão estética por conexão, que se manifesta em tudo: desde a forma como decoro minha casa, como me visto até quando estou desenvolvendo uma campanha, um editorial ou criando uma coleção. Acredito que a beleza é o sentido da vida — ela redime o sofrimento e amplifica as alegrias. E essa forma lúdica de enxergar o mundo, se estende aos meus laços afetivos.Essa conexão é, para nós, uma expressão visual do nosso amor, união e bom humor.

Créditos: Joyce Pascowitch / Reprodução Instagram / Divulgação

Essa Semana Eu…

Fui prestigiar a querida Preta no lançamento de suas fotos maravilhosas no hotel Fasano de Salvador: noite estrelada

Saí de barco pela Baía de Todos-os-Santos com minhas sobrinhas e nadar no mar com elas, nós todas juntas, foi uma experiência única

Provei, pela primeira vez, e amei o vinho rosé da vinícola que meu amigo Benjamin Steinbruch tem no Uruguai: amei demais o Mataojo

Descobri que, quase 50 anos após o lançamento, Bagagem, livro de estreia de Adélia Prado, volta às livrarias em fevereiro - a primeira leva de reedições inclui o terceiro livro dela, Terra de Santa Cruz (1981), O Pelicano (1987), e o romance O Homem da Mão Seca (1994)

Comecei a contar os dias para a volta da série White Lotus, cuja terceira temporada estreia dia 16 fevereiro

Descobri que uma das minhas preferências, as batatas fritas, estão bombando nos restaurantes mais elegantes e famosos de Londres: preciso urgentemente percorrer esse circuito

Fiquei extremamente feliz que Alaíde Costa, cantora que admiro demais, e Guto Lacaz, meu muso desde sempre, conquistaram os prêmios da Associação Paulista dos Críticos de Arte - a mostra de Guto, no Itaú Cultural, foi uma das melhores coisas que aconteceu no ano passado

Fiquei horas no mar de Salvador dividindo as delícias do Yatch Clube da Bahia com Zé Maurício Machline, Cris Guimarães, Giovanni Bianco, Zélia Duncan e Flávia Soares, que delícia

Li que, pela primeira vez, uma loja Muji vai ter um food market - isso vai acontecer em Nova York

Fiquei arrepiada, chorei um pouquinho e senti um orgulho jamais sentido com as três indicações de Ainda Estou Aqui ao Oscar: viva Fernanda Torres, viva Walter Salles, viva Marcelo Rubens Paiva e viva toda a família Paiva

Comecei a sonhar com a ação especial da mala de mão da Rimowa criada pelo estilista Rick Owens - chiqueria pura

Soube que a Dior vai montar um spa de luxo em abril no sofisticado hotel du Cap, na Riviera francesa, um dos mais míticos do mundo

Comi mangas colhidas no pé em Arembepe, perfumadas e deliciosas

Um passarinho me contou que Graydon Carter vai lançar um livro sobre sua trajetória dirigindo revistas, na indústria cinematográfica, cercado das mais relevantes celebridades por todos os lados: quero já!

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